Sunday, November 13, 2011

Poder paralelo no Rio? Ahn, 'tá.

 O Excercito use tanques para ocupar a Rocinha e acabar com o "poder paralelo".




 "Poder paralelo"? Ahn, 'tá...

Na recente operação contra a Rocinha, a polícia encontrou 9 rifles e uma "metralhadora" (termo usado pela imprensa brasileira para qualificar o tipo de cópia barata chinesa do rifle de assalto russo AK47 que vende-se por 800 dólares em todos os shows de armas nos EUA).

Ou o "poder paralelo" andava-se singularmente desarmado, ou essas operações de pacificação são para os gringos verem.

Do meu ponto de visto, a relativa facilidade com que a polícia carioca anda "ocupando" por aí indica o alto nível hiperbólico da retórica midiática a cerca do suposto "poder paralelo" que impregnava a imprensa brasileira no período 1995-2008, e não o bom desempenho atual do Estado.

Pessoalmente, acho que o atual "paz" nas favelas é o resultado de uma série de acordos que tem sido contruida entre os donos de poder e seus sometimes parceiros bandidos e semi-bandidos que mandam em nossas favelas. Me chame de gringo cético, mas vejo a criminalidade no Rio como um ADJUNTO ao poder do Estado e não como uma organização paralela do poder. Vejo a estrutura dessa "organização" muito mais semelhante àquela retratada por Foote-Whyte na "Soceidade da Esquina" do que uma verdadeiro esquema paralelo de poder.

Penso na facilidade com que uma organização paralela poderia ter resistido esse atual incursão na Rocinha. Em Afganistão, por exemplo, onde existem vários poderes legitimamente "paralelos", uma tática comunamente utilizada é misturar óleo diesel e fertilizante numa panela de pressão e enterrar o dispositivo resultante numa estrada de acesso frequentado pelos comboios do governo, onde será ativado por vias do controle remoto (tipicamente um telefone celular ligada a algumas baterias). Tal dispositivo seria facilmente construido por nossos atuais "inimigos públicos" urbanos, se eles tivessem a mínima pretensão de montar um poder verdadeiramente paralelo. A bomba caseira, fabricada dessa maneira, não teria nenhum problema em seriamente avariar os transportes blindados LVTP-7 e M113 utilizados nessas operações (e sempre rotulados pela impressa brasileira, com seu habitual hiperbolismo, de "tanques").

E, no entanto, não vemos no Brasil nenhuma das táticas ou tecnologias rotinaeiramente utilizadas pelos pretendentes ao poder mundo afora, mesmo pelas organizações mais pobres e impopulares oriundas das populações mais miseráveis do planeta.

Resta só duas conclusões: ou o CV e seus semelhantes são compostos de integrantes singularmente burros, ou o objetivo desses grupos não é disputar o poder com o Estado e sim vender suas drogas em paz, lucrando-se com o comércio.

Se aceitamos a segunda hipótese, então todas essas ocupações são facilmente organizadas, na grande maioria dos casos, através de tratados temporários que permitem a comercialização das drogas e que focalizam os esforços da polícia em outras atividades de repressão - atividades que não tangem nas interesses dos assim-chamados "gangues do tráfico".

Em outras palavras, para sensivelmente diminuir o nível de violência no Estado do Rio de Janeiro, a única coisa que o Governo há de fazer é declarar uma trégua informal mas efetiva na "Guerra Contra as Drogas". Sendo que o grosso da violência que vara o Rio é oriundo dessa violência, utilizar o poder do Estado para congelar as atuais linhas de batalha entre o CV, os ADA, o TC e seus aliados/adversários milicianos resultaria numa queda imediata nos confrontos armados na nossa cidade.

Minha hipótese é que é isto que está contecendo no Rio. Resta saber o que a história vai mostrar.